07/06/2010

Quinta da Regaleira - Sintra


A Quinta da Regaleira é um local muito especial, lindo e envolvente. O ano passado fui com a minha família visitar e adoramos. É simplesmente, um espaço de sonho e fantasia com lagos, criptas, natureza, palácio, misticismo, religião, maçonaria, arte, enfim uma visita a não perder.




Situada em pleno Centro Histórico de Sintra, classificado Património Mundial pela UNESCO, a Quinta da Regaleira é um lugar fascinante.

As suas origens remontam ao início do século XVII. A documentação histórica relativa à Quinta da Regaleira é escassa para os tempos anteriores à sua compra por Carvalho Monteiro.




Sabe-se todavia que, em 1697, José Leite adquiriu uma vasta propriedade no termo da vila de Sintra que corresponderia, aproximadamente, ao terreno que hoje integra a dita Quinta - a esta data parecem remontar, pois, as origens da quinta em questão.


Foto: net


Francisco Alberto Guimarães de Castro comprou a propriedade - conhecida como Quinta da Torre ou do Castro - em 1715, em hasta pública e, após as licenças necessárias, canalizou a água da serra a fim de alimentar uma fonte ai existente.



Em 1800, a quinta é cedida a João António Lopes Fernandes estando logo, em 1830, na posse de Manuel Bernardo, data em que tomou a designação que actualmente possui. Em 1840, a Quinta da Regaleira foi adquirida pela filha de uma grande negociante do Porto, Allen, que mais tarde foi agraciada com o título de Baronesa da Regaleira. Data provavelmente deste período a construção de uma casa de campo que é visível em algumas representações iconográficas de finais do século XIX.

A história da quinta da Regaleira actual principia, todavia, em 1892, ano em que os barões da Regaleira vendem a propriedade ao Dr. António Augusto Carvalho Monteiro (o Monteiro dos Milhões). Carvalho Monteiro, com a ajuda do arquitecto-cenógrafo italiano Luigi Manini, faz dela, no princípio do século XX, um reflexo do seu sentido de patriotismo, edificando um palacete em estilo neo-manuelino.




A imaginação destas duas personalidades invulgares concebeu, por um lado, o somatório revivalista das mais variadas correntes artísticas - com particular destaque para o gótico, o manuelino e a renascença - e, por outro, a glorificação da história nacional influenciada pelas tradições míticas e esotéricas. Envolvido por uma vegetação luxuriante, o palácio da regaleira é uma descoberta fascinante.



É um dos mais marcantes exemplos de arquitectura revivalista no país, privilegiando o neomanuelino e com influências camonianas. É célebre por em muitos dos seus elementos arquitectónicos, ter sinais de ritos e concepções maçónicas.

Logo no começo da visita percorremos o Patamar dos Deuses, terraço onde estátuas de vários seres divinos estão alinhadas ao longo do caminho. Aqui encontramos doze figuras da mitologia greco-romana que devem ser interpretadas como as doze Hierarquias Criadoras, representadas nos signos do Zodíaco assim como a estátua de um leão (que data já da época em que a Quinta era pertença da Baronesa da Regaleira), que é uma representação do sol que equivale na Alquimia ao Ouro.




Próxima paragem obrigatória a Capela da Santissima Trindade, nela estão representados Santa Teresa d'Ávila e Santo António. No meio, a encimar a entrada está representado o Mistério da Anunciação - o anjo Gabriel desce à terra para dizer a Maria que ela vai ter um filho do Senhor - e Deus Pai entronizado. Na Capela econtra-se a imagem do Delta-radiante (ou Delta-Teúrgico), com o olho de Deus sobreposto à cruz templária, emblema maçónico do Grande Olho Arquitecto do Universo.






Um pouco mais à frente encontramos a Gruta de Leda. Esta tem no seu interior uma escultura simbolicamente enigmática, a figura de uma dama segurando uma pomba e acompanhada de um cisne (que parece estar a mordê-la). Trata-se da representação de uma mortal por quem Zeus se apaixona, e na impossibilidade de existir uma relação entre ambos, este assume a forma de um belo cisne para assim se aproximar da sedutora mulher.




Um dos locais mais emblemátiocs da quinta é sem sombra de dúvida o Poço Iniciático, invocando a aventura dos Cavaleiros Templários, ou os ideais dos mestres da Maçonaria. Trata-se de uma galeria subterrânea em espiral, de 27 metros, por onde se descem nove patamares até às profundezas da terra. Este é o caminho por onde se desce à terra, ou num percurso contrário, se sobe ao céu, consoante a natureza do percurso iniciático escolhido. Os nove patamares lembram os nove círculos do Inferno, as nove secções do Purgatório e os nove céus do Paraíso, segundo a Divina Comédia de Dante. A principal ideia por detrás deste poço é a de morrer e voltar a nascer num rito de iniciação ligado à terra, uma vez que esta é o útero materno de onde provem a vida, mas também a sepultura para onde voltará.
No fundo poço iniciático, com os pés assentes numa estrela de oito pontas, o símbolo heráldico de Carvalho Monteiro e símbolo da harmonia e também da Cavalaria Espiritual na Maçonaria escocesa, é como se estivéssemos imersos no ventre da Terra-Mãe. 




Somos depois conduzidos através das trevas das grutas labirínticas, até ganharmos a luz, reflectida em lagos surpreendentes, no meio dos jardins.  A vida surge bela e plena de vitalidade.




Depois de sair do labirinto encontra-se a Torre que se assemelha a um observatório astronómico, o que não deixa de ser interessante por se contrapor ao mundo subterrâneo (visto que uma das saídas do Poço Iniciático nos leva à torre). Foi, não esta mas uma semelhante que deu inicialmente o nome à Quinta.




É extremamente revigorante fazer um passeio pelos seus encantadores e exóticos jardins.
Cada recanto do jardim foi projectado com extrema minúcia, embora muitas vezes não o pareça.




O visitante começa por ver canteiros de flores variadas, plantados de forma regular e sistemática, mas, à medida que avança no jardim, ele vai tomando formas diferentes; a vegetação vai ficando mais densa, adquire uma forma selvagem e confunde-se com a Natureza no seu estado original, o que demonstra a sua inspiração romântica.




E finalmente uma visita ao Palácio dos Milhões, verdadeira mansão filosofal de inspiração alquímica. É o edifício principal da quinta e é marcado pela presença de uma torre octogonal, um cruzamento de arquitectura manuelina, renascentista, gótica e romântica, sendo de uma beleza extraordinária, e de um simbolismo incrível.





A Quinta da Regaleira é um lugar de mistério, com alma própria, ela encerra muitos segredos, pois está repleta de símbolos mitológicos e esotéricos, estátuas de deuses, poços iniciáticos, jardins, grutas e todo um mundo aberto a múltiplas descobertas e interpretações. É uma viagem no tempo incrível.

Vá visitar, Vale a pena!

Fontes e Fotos: "www.visitportugal.com"; "www.cm-sintra.pt"; "www.maconaria.net"; "www.regaleira.pt"; "wikipedia"; Olhares; outros e fotos de visita local.

Poderá ver este post completo no meu blogue de viagens “Viajar é alargar os nossos Horizontes” em: Quinta da Regaleira - Sintra


“O tempo é uma ilusão produzida pelos nossos estados de consciência à medida em que caminhamos através da duração eterna.” (Isaac Newton)

16 comentários:

  1. querida maria,
    obrigada pelas gentis palavras no meu espaço.
    belissimo....bravooo..imagens perfeitas....


    Sempre me vem milhares de pensamentos e emoções quando leio suas palavras.
    Belo texto!
    Beijos e otima semana..

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  2. Amiga Querida, bom dia!

    Obrigada por compartilhar conosco um lugar
    tão fascinante. " A Quinta da Regaleira"
    Fantástico! Fiquei encantadada com os jardins!

    Deixo um caloroso abraço no seu coração.

    Arnalda Rabelo

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  3. Adorei o dia passado na quinta da Regaleira...
    E não é que parece haver aqui cantos, de
    que não me lembro???
    Beijo

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  4. Maria querida...que lugares mais lindos...amo este estilo arquitetônico...tão rico em detathes maravilhosos.
    Tenha um serena semana amiga!
    Beijos...
    Valéria

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  5. Quanta maravilha há por esse mundo,não? Lindas fotos!beijos,ótima semana,chica

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  6. Uma bela partilha amiga, obrigada.

    Bom dia!

    beijooo.

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  7. Olá Maria!
    Deslubrante esta visita guiada que nos propocionas,a esta bela quinta da Regaleira... Está sublime esta tua postagem.Parabéns!!!

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  8. Minha querida Maria

    Ainda bem que postaste a maravilha que é a Quinta da Regaleira...é realmente uma beleza.

    Mas se puderes, vai à Quinta da Regaleira ver Teatro, sempre à noite, nem fazes ideia o que é de beleza, todos aqueles recantos iluminados.
    O meu filho tem uma peça de teatro todos os anos no verão, é maravilhoso.

    beijinhos
    Sonhadora

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  9. Precioso lugar para estar un temporada, con bellas flores, un jardin esplendoroso que parece que sea el jardin del Eden.
    Primavera

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  10. Que lugares lindos e de sonhos...
    Parece que cada um nos chama fortemente!
    Maravilhosa cada imagem!!
    Beijo minha amiga
    Bea

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  11. Querida Maria. Tudo bem explicado e escrito,e nada falta por aqui.Já alguns anos visitei,e penso que seja ainda mais maravilhoso,que outros monumentos que Sintra tem,este na altura achei muito lindo e posso constactar que sim pelas fotos.
    Beijinho e boa semana

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  12. Que viagem mais linda amiga! Lugares maravilhosos!!
    Obrigada pela partilha!
    Um grande abraço!!

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  13. Me delicio e me encanto com tanta beleza, Maria querida!
    Bjkas, muitas!

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  14. QUE LUGARES LINDOS, SÓ TEMOS A AGRDECER POR ENCANTAR OS NOSSOS OLHOS E NOS DEIXAR SONHANDO EM UM DIA CONHECELOS VC SEMPRE NOS PRESENTEIA COM MARAVILHAS COMO ESTAS,PARABENS QUERIDA PELO BOM GOSTO, UM ABRAÇO CARINHOSO CELINA

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  15. Uma quinta simplesmente fantastica :)

    Podes sempre pedi-la emprestada ao meu prof eheh

    DI

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  16. Maria, amei teu blogue que conheci por minha amiga Beatriz, e pensar que vi muito de Sintra, e olhe que vi bastante, mas não conheci esse lugar mágico que preciso conhecer na próxima viagem. Obrigada e parabéns, continue espalhando tua luz. Beijo.

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

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