28/02/2017

Flor de Asfalto





Trazes nos olhos a melancolia
das longas perspectivas paralelas,
das avenidas outonais, daquelas
ruas cheias de folhas amarelas
sob um silêncio de tapeçaria...

Em tua voz nervosa tumultua
essa voz de folhagens desbotadas,
quando choram ao longo das calçadas,
simétricas, iguais e abandonadas,
as árvores tristíssimas da rua!

Flor da cidade, em teu perfume existe
Qualquer coisa que lembra folhas mortas,
sombras de pôr de sol, árvores tortas,
pela rua calada em que recortas
tua silhueta extravagante e triste...

Flor de volúpia, flor de mocidade,
teu vulto, penetrante como um cume,
passa e, passando, como que resume
no olhar, na voz, no gesto e no perfume,
a vida singular desta cidade.


Guilherme de Almeida




8 comentários:

  1. Que bonito!
    Obrigada pela partilha

    Beijinhos

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  2. Olá, Maria...Que linda publicação com este poema maravilhoso de Guilherme de Almeida...amei!!! abraços, ania..

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  3. Muito bom. Muita elegância desses poetas do passado. Abraço.

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  4. Versos tristes e melancólicos marcam esta bela poesia
    Um abraço

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  5. Lindos versos de Guilherme de Almeida.
    bjs Maria Rodrigues e obrigada pela visita.
    Carmen Lúcia.

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  6. Olá Maria!
    Passando pra matar a saudades desse cantinho maravilhoso!
    Beijos... Fátima.

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

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