03/12/2016

Oração da noite - Poema de Cecília Meireles




Trabalhei, sem revoltas nem cansaços,
No infecundo amargor da solitude:
As dores, - embalei-as nos meus braços,
Como alguém que embalasse a juventude...

Acendi luzes, desdobrando espaços,
Aos olhos sem bondade ou sem virtude;
Consolei mágoas, tédios e fracassos
E fiz, a todos, todo o bem que pude!

Que o sonho deite bênçãos de ramagens
E névoas soltas de distância e ausência
Na minha alma, que nunca foi feliz.

Escondendo-me as tácitas voragens
De males que me deram, sem consciência.
Pelos míseros bens que sempre fiz!... 


Cecília Meireles

5 comentários:

  1. Excelente escolha. Amei

    Beijos, bom fim de semana.

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  2. Me gusta mucho, Maria. Un fuerte abrazo.

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  3. Uma excelente escolha, é um poema lindíssimo.

    Beijinho e bom domingo

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  4. Não conhecia este soneto de Cecília Meireles.
    É excelente!
    Um Dezembro muito feliz, MR.
    ~~~ Abraço ~~~

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

Obrigado pela sua visita e pelo carinho que demonstrou, ao dispensar um pouco do seu tempo, deixando aqui no meu humilde cantinho, um pouco de si através da sua mensagem.

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