01/12/2016

Onde me levas rio que cantei - Poema de Eugénio de Andrade




Onde me levas, rio que cantei,
esperança destes olhos que molhei
de pura solidão e desencanto?
Onde me levas?, que me custa tanto.

Não quero que conduzas ao silêncio
duma noite maior e mais completa,
com anjos tristes a medir os gestos
da hora mais contrária e mais secreta.

Deixa-me na terra de sabor amargo
como o coração dos frutos bravos,
pátria minha de fundos desenganos,
mas com sonhos, com prantos, com espasmos.

Canção, vai para além de quanto escrevo
e rasga esta sombra que me cerca.
Há outra face na vida transbordante:
que seja nessa face que me perca.


Eugénio de Andrade

8 comentários:

  1. Lindo poema, ótima escolha.
    Beijinhos, Léah

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  2. É magnífico este poema!
    Em pensamentos da Gracinha ... falo sobre o TEMPO ... cada vez mais precioso!!!
    Bom feriado amiga!!!

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  3. Excelente poema do Eugénio de Andrade.
    Um abraço e continuação de uma boa semana.
    Andarilhar

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  4. Parabéns pela escolha. Lindo demais.

    Beijinhos
    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  5. Gosto de Eugénio de Andrade. No próximo dia 12, vai haver aqui no Barreiro uma tertúlia de poesia, dedicada a Eugénio de Andrade.

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  6. Oi Maria, bt!
    Que poema lindo, eu não conhecia. Parabéns por mais essa bela escolha!
    Bjsss amiga

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  7. Excelente escolha, MR
    ~~~ Abraço ~~~~~~~

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  8. Um grande poema dum poeta ilustre.
    Gosto muito.
    Beijinhos

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

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