17/04/2018

Canção - Poema de Cecilia Meirelles




Assim moro em meu sonho:
como um peixe no mar.
o que sou é o que vejo.
vejo e sou meu olhar.


Água é o meu próprio corpo,
simplesmente mais denso.
E meu corpo é minha alma,
e o que sinto é o que penso.

Assim vou no meu sonho.
Se outra fui, se perdeu.
É o mundo que me envolve?
Ou sou contorno seu?

Não é noite nem dia,
não é morte nem vida:
é viagem noutro mapa,
sem volta nem partida.

Ó céu da liberdade,
por onde o coração
já nem sofre, sabendo
que bateu sempre em vão.


Cecília Meirelles ( Este poema pertence ao livro Canções - 1956)


4 comentários:

  1. If you ever get the chance, check out my book, "Perched on the Edge." I think I mentioned this before, but you can get a sense of the kind of poetry I write if you click on the thumbnail in the righthand sidebar.

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  2. Mais uma pérola poética de Cecília, que é sempre um verdadeiro prazer apreciar!...
    Adorei! Beijinhos
    Ana

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

Obrigado pela sua visita e pelo carinho que demonstrou, ao dispensar um pouco do seu tempo, deixando aqui no meu humilde cantinho, um pouco de si através da sua mensagem.

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