21/09/2013

Canção de Outono

Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o própro coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando áqueles
que não se levantarão...

Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...


Cecília Meireles


7 comentários:

  1. Sem engenho e arte para comentar devidamente a grande Cecília Meireles, e como eu não sou apreciadora do Outono talvez porque desde menina associei o Outono à morte e eu sou apologista da vida, deixo um abraço e desejos de um bom fim de semana

    ResponderEliminar
  2. Oi, Maria. Bom dia! Esse, como todos os poemas de Cecilia são belissimos... è uma das minhas poetisas preferida! Adorei amiga começar o dia e ler. Obrigada amiga por partilhar! Meu carinho e muitos beijinhos. Um feliz fim de semana!!

    ResponderEliminar
  3. Lindo poema, trouxe saudades, saudades de alguém. Bom dia querida, que seu final de semana seja lindo e perfeito. Beijinhos

    ResponderEliminar
  4. Boa tarde Maria, lindo este poema de Cecília! O outono é apenas uma transição para a primavera! Pelo meio virá o Inverno que com a bênção das chuvas regará as plantas que revigoradas brotarão de novo. Muita esperança. Um beijinho e bom fim-de-semana. Ailime

    ResponderEliminar

  5. Belíssimo poema este de Cecília Meireles. Traduz aquela tristeza e melancolia que os dias cinzentos do Outono nos trazem, transferidas para as frustrações que a vida nos coloca.

    Beijo

    Olinda

    ResponderEliminar
  6. Ainda com imenso calor,foi muito bom ler este poema Outonal de muito encanto.
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  7. Muito belo este poema...
    Gosto do Outono.
    Gosto de folhas secas pelo ar e pelo chão... ainda são fermento de vida.
    E ainda bailam impelidas pelo vento.
    Lindo, Maria.
    Beijo.

    ResponderEliminar

“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

Obrigado pela sua visita e pelo carinho que demonstrou, ao dispensar um pouco do seu tempo, deixando aqui no meu humilde cantinho, um pouco de si através da sua mensagem.

Topo