24/05/2016

Casa do Tempo Perdido - Poema de Carlos Drummond de Andrade




Bati no portão do tempo perdido,
ninguém atendeu.
Bati segunda vez e mais outra e mais outra.
Resposta nenhuma .

A casa do tempo perdido está coberta de hera
pela metade; a outra metade são cinzas.
Casa onde não mora ninguém,
e eu batendo e chamando pela dor de chamar
e não ser escutado.

Simplesmente bater.
O eco devolve minha ânsia de entreabrir
esses passos gelados.
A noite e o dia se confundem no esperar,
no bater e bater .

O tempo perdido certamente não existe.
É o casarão vazio e condenado.



Carlos Drummond de Andrade


3 comentários:

  1. É sempre um privilégio ler Drummond de Andrade, poeta de que gosto muito.
    Um abraço

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  2. Adorei o poema.Muito lindo!!! bjs, chica e ótimo dia!

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  3. Lindo poema de Carlos Drummond, amo suas poesias.
    Ele diz a verdade, quantas e quantas vezes batemos em portas que não existe mais ningué, está vazia e dolorida...
    Grande beijo amiga Maria no coração.

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

Obrigado pela sua visita e pelo carinho que demonstrou, ao dispensar um pouco do seu tempo, deixando aqui no meu humilde cantinho, um pouco de si através da sua mensagem.

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