02/09/2015

Abriu-se a Janela - Poema de Cecília Meireles




Abriu-se a janela
que existia no ar.
Ninguém viu posar
qualquer sombra nela.

Entre o lago e a lua,
sozinha subia
uma árvore fria,
delicada e nua.

E, de galho em galho,
andavam as loucas,
com cestas e toucas,
em busca de orvalho.

Azuis, os vestidos,
e o rosto coberto
de um luar incerto
- com os traços perdidos.

(Certamente para
que ninguém lembrasse
a dorida face
que amara e chorara...)

As loucas nos ramos
brincavam. E havia
no ar essa alegria
que nunca alcançamos.

Pela madrugada,
desfez-se a janela.
Partiram, com ela,
as sombras do nada.


Cecília Meireles

 

5 comentários:

  1. Oi Maria,
    Linda poesia, até me emocionou
    Beijos no coração
    Dorli Ramos

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  2. Lindo...Lindo!!

    Beijinhos e um dia feliz´

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  3. Um belo poema da Cecília Meireles.
    Um abraço e continuação de uma boa semana.

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  4. Cecília Meireles. Que bom lê-la aqui.
    Um beijo.

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  5. Poema maravilhoso...
    Para cada noite... haverá sempre um amanhecer, a trazer alguma esperança renovada... com algo de bonito para ver...
    Bjs
    Ana

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

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