13/10/2021

Por tudo o que fomos - Caio Fernando Abreu





Por tudo o que não conseguimos ser.
Por tudo que se perdeu.
Por termos nos perdido.
Pelo que queríamos que fosse e não foi.
Pela renúncia.
Por valores não dados.
Por erros cometidos.
Acertos não comemorados.
Palavras dissipadas.
Versos brancos.
Chorei pela guerra cotidiana.
Pelas tentativas de sobrevivência.
Pelos apelos de paz não atendidos.
Pelo amor derramado.
Pelo amor ofendido e aprisionado.
Pelo amor perdido.
Pelo respeito empoeirado em cima da estante.
Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa.
Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados.
Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa.
Por tudo que foi e voou.
E não volta mais, pois que hoje é já outro dia.
Chorei.
Apronto agora os meus pés na estrada.
Ponho-me a caminhar sob sol e vento.
Vou ali ser feliz e já volto.


Caio Fernando Abreu



12 comentários:

  1. Lindo poema, hay que seguir te mando un beso

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  2. Gosto sobretudo do final.
    Beijinhos

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  3. I'm pleased the sun will make him happy...it's a nice poem Maria.

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  4. Belíssimo e tão sentido poema...dessas coisas tristes que acontecem na vida...
    Continuação de uma boa semana, amiga, beijinhos
    Valéria

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  5. É um poema excecional! Muito expressivo e perfeito.
    Gostei de ler. Beijinhos.
    ~~~

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  6. Boa tarde Maria,
    Um poema belíssimo, que adorei ler e conhecer.
    Obrigada por partilhar.
    Beijinhos,
    Ailime

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  7. Um magnífico poema, gostei de ler (os poemas do Caio são sempre bons).
    Obrigado pela partilha.
    Continuação de boa semana, amiga Maria.
    Beijo.

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  8. Bom dia de paz, querida amiga Maria!
    Um poema que descreve com exatidão o desafinar da vida com nosso coração.
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos com carinho de gratidão e estima

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

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