22/03/2016

Silêncio - Poema de David Mourão-Ferreira





Já o silêncio não é de oiro: é de cristal;
redoma de cristal este silêncio imposto.
Que lívido museu! Velado, sepulcral.
Ai de quem se atrever a mostrar bem o rosto!

Um hálito de medo embaciando o vidrado
dá-nos um estranho ar de fantasmas ou fetos.
Na silente armadura, e sobre si fechado,
ninguém sonha sequer sonhar sonhos completos.

Tão mal consegue o luar insinuar-se em nós
que a própria voz do mar segue o risco de um disco...
Não cessa de tocar; não cessa a sua voz.
Mas já ninguém pretende exp'rimentar-lhe o risco!


David Mourão-Ferreira, in "Tempestade de Verão"


7 comentários:

  1. Um belo poema de David Mourão-Ferreira.
    Um abraço e continuação de uma boa semana.

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  2. Que poema espetacular. Um deleite essa leitura
    Um dia feliz e abençoado
    Beijos

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  3. Querida amiga, lindo poema. Beijokas

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  4. Não conhecia este autor! Gostei imensamente!
    Feliz páscoa querida!

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  5. Belo poema...Espectacular....
    Cumprimentos

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  6. Como sempre uma escolha espectacular de mais um grande autor!...
    Belíssimo!
    Beijinhos
    Ana

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

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