21/08/2020

Ninguém - Poema de Alphonsus Guimarães Filho





Ninguém se engane se soar a hora,
se todos os relógios, de repente,
gaguejarem nem sei que dor fremente
que nunca veio e não se foi embora.

Ninguém se engane se souber quem chora,
que um grande choro convulsivo e quente
virá das coisas como espada ardente
atravessando a carne ontem, agora.

Ninguém se engane se dos seus papéis,
dos seus livros inertes, um lamento
terrível se levante como um vento
de maldição e de intenções cruéis.

Tudo, a este instante, é como um grande grito
quase a romper as cercas do infinito.


Alphonsus Guimarães Filho 

in '"Discurso no Deserto" 


14 comentários:

  1. “Ninguém se engane...” Lindíssimo poema, Maria!
    O meu abraço nesta sexta-feira... Bom fim de semana, com muito descanso e saúde...

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  2. Este poeta é sempre maravilhoso...

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  3. Poema lindíssimo que elogio e 👏
    .
    Votos de um dia feliz

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  4. Boa tarde Maria,
    Um poema magnífico de um autor que não conhecia.
    Um beijinho e bom fim de semana.
    Ailime

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  5. Este discurso no deserto é uma chamada de atenção para os momentos que estamos vivendo. Que tudo siga pelo melhor. Um poema que convida à reflexão.
    Um forte abraço de vida.

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  6. Bella imagen acompañando a un gran poema de este poeta portugués.

    Saludos.

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  7. Que partilha tão bonita! Amei:))
    *
    Onde a mente relaxa lentamente...
    .
    Beijo e um excelente fim de semana.

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  8. Such a nice image.
    Many thanks for sharing the poem.

    All the best Jan

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  9. Que poema lindo! Como gostei.Parabéns ao autor e à publicadora. Obrigada aos dois

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