27/11/2017

A Alma das Árvores





Eis-nos mortas, de rastos, pelo chão!
E fomos belas, altas e frondosas;
E demos doces frutas saborosas
Que mataram a sede e foram pão.


Em nós, cheias de enlevo e mansidão,
Fizeram ninho as aves amorosas;
Pelas sestas de Julho, a arder, piedosas,
Fomos a sombra e a voz da solidão.


Fomos o berço do homem e o seu lume;
Demos-lhe bênção, cantos e perfume;
Caixão, em nós descansa até final.


Demos a vida a quem nos tira a vida:
Mas só nos doi a ingratidão sofrida
De um mal inútil, feito só por mal!


António Correia de Oliveira






4 comentários:

  1. Um belíssimo poema de António Correia de Oliveira que nos faz pensar como tantas vezes as árvores são maltratadas, elas que nos dão tantas e tantas coisas boas.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  2. Um poema delicioso. Extasiante, pleno de magia e verdade. Lindo mesmo
    .
    Deixo cumprimentos poéticos
    .

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  3. Tudo isso é verdade,
    o que o poeta escreveu
    sem nenhuma falsidade
    é assim que penso eu!

    Boa noite amiga Maria e bons sonhos, um abraço,
    Eduardo.

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  4. Excelente escolha de António Correia de Oliveira!

    Obrigado Maria, boa semana e um beijinho.

    Adélia

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

Obrigado pela sua visita e pelo carinho que demonstrou, ao dispensar um pouco do seu tempo, deixando aqui no meu humilde cantinho, um pouco de si através da sua mensagem.

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