26/06/2015

Papagaio de papel




Deixem-no lá, deixem-no lá, o papagaio!
Deixem-no lá, bem preso à terra,
vibrando!

Aos arranques,
a fazer tremer a terra,
a querer voar
pelo ar
até pertinho do Céu…

Deixem-no lá, deixem-no lá, o papagaio!
Deixem-no lá viver a sua inquietação
e ser verdade aquela ânsia
de fugir.
Não lhe cortem o cordel!
Poupem o papagaio à dor enorme
de cair,
papel inútil, roto, pelo chão.

Não lhe ensinem,
ao pobre papagaio de papel,
que a sua inquietação
é a única força que ele tem.

Deixem-no lá,
naquela ânsia de fuga,
no sonho (a que uma navalha
pode dar o triste fim)
de fazer ninho no Céu:
Sempre anda longe da terra, assim,
o comprimento do cordel…

Deixem-no lá, deixem-no lá,
o papagaio de papel!...

Sebastião Gama



5 comentários:

  1. Adorei!
    Me fez lembrar da minha infância, quando junto com vovô fazíamos o meu "papa vento", era assim que chamava por aqui.
    Lindo seu poetar, um abraço cara amiga, Maria e lindo final de semana.

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  2. Lindo poema!
    Agora é tempo deles, pelas praias...Gostei!

    Beijos, bom fim de semana.

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  3. Olá, querida Maria
    Deixe o sonho voar longe!
    Bjm fraterno

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  4. ...deixe sonhar, deixe voar...

    Maria, na minha região o papagaio é chamado de pandorga e em outras regiões pipa... sempre trazendo muito encantamento...

    Beijo.

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  5. O poema é lindo, e bem alusivo a esta estação do ano, as crianças gostam.
    A postagem é lindíssima..
    Um beijo.

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

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