23/06/2015

A Madrugada



Os pássaros, que dormiam
Nas árvores orvalhadas,
Já a alvorada anunciam
No silêncio das estradas.

As estrelas, apagando
A luz com que resplandecem,
Vão tímidas vacilando
Até que desaparecem.

Deste lado do horizonte,
Numa névoa luminosa,
O céu, por cima do monte,
Fica todo cor-de-rosa;

Daí a pouco, inflamado
Numa claridade intensa,
Se desdobra avermelhado,
Como uma fogueira imensa.

Os galos, batendo as asas,
Madrugadores, já cantam;
Já há barulho nas casas,
Já os homens se levantam,

O lavrador pega a enxada,
Mugem os bois à porfia;
— É a hora da madrugada
Saudai o nascer do dia!

Olavo Bilac
In Poesias Infantis (2ª Ed.), 1929







6 comentários:

  1. Um belo poema de Olavo Bilac, este poeta tem um busto na minha cidade Setúbal.
    Um abraço e continuação de uma boa semana.

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  2. Bom dia
    Sem duvida, maravilhoso!

    Beijinhos

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  3. Maria, até 1960, me foi bem familiar o cenário bucólico que Olavo Bilac, traço no belo poema.
    Beijinhos

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  4. Que imagem linda, trouxe uma certa paz cotidiana de tempos passados, onde não havia tanta correria, tanta busca inútil por sucessos exteriores, quando antes, se cultivava a vida por si só. LINDO. ADOREI! Doce poema. bjs.

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  5. É um poema lindo... Quando o li, foi como estivesse vendo esse lindo amanhecer, descrito por Bilac.
    Adorei, bjs!

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

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