Onde é que dói
na minha vida,
para que eu me sinta tão mal?
quem foi que me deixou ferida
de ferimento tão mortal?
Eu parei diante da paisagem:
e levava uma flor na mão.
Eu parei diante da paisagem
procurando um nome de imagem
para dar à minha canção.
Nunca existiu sonho tão puro
como o da minha timidez.
Nunca existiu sonho tão puro,
nem também destino tão duro
como o que para mim se fez.
Estou caída num vale aberto,
entre serras que não têm fim.
Estou caída num vale aberto:
nunca ninguém passará perto,
nem terá notícias de mim.
Eu sinto que não tarda a morte,
e só há por mim esta flor;
eu sinto que não tarda a morte
e não sei como é que suporte
tanta solidão sem pavor.
E sofro mais ouvindo um rio
que ao longe canta pelo chão,
que deve ser límpido e frio,
mas sem dó nem recordação,
como a voz cujo murmúrio
morrerá com o meu coração...
para que eu me sinta tão mal?
quem foi que me deixou ferida
de ferimento tão mortal?
Eu parei diante da paisagem:
e levava uma flor na mão.
Eu parei diante da paisagem
procurando um nome de imagem
para dar à minha canção.
Nunca existiu sonho tão puro
como o da minha timidez.
Nunca existiu sonho tão puro,
nem também destino tão duro
como o que para mim se fez.
Estou caída num vale aberto,
entre serras que não têm fim.
Estou caída num vale aberto:
nunca ninguém passará perto,
nem terá notícias de mim.
Eu sinto que não tarda a morte,
e só há por mim esta flor;
eu sinto que não tarda a morte
e não sei como é que suporte
tanta solidão sem pavor.
E sofro mais ouvindo um rio
que ao longe canta pelo chão,
que deve ser límpido e frio,
mas sem dó nem recordação,
como a voz cujo murmúrio
morrerá com o meu coração...
Cecília Meireles, in 'Viagem'
Olá Maria!
ResponderEliminarDepois de umas férias e tropeços pelo meio, vou indo aos poucos retomar o contacto com os amigos
que só ao longe vejo a falta que fazem
Espero que tenha tido um bom descanso.
Da poesia , que dizer?
Depois da beleza e musicalidade, do fascínio pela paisagem...esqueci a morte!
Belos os seus postes como sempre.
Beijinho
Adoro a poesia de Cecília Meireles que me faz lembrar a nossa Florbela.
ResponderEliminarUm beijinho amiga Maria
Maravilhoso de mais.
ResponderEliminarBeijo
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/
Apesar da grande desolação narrada neste eu lírico o poema é de uma beleza ímpar
ResponderEliminarBeijokas com meu carinho Maria
Tão tristemente belo.
ResponderEliminarUm abraço
Um belo poema apesar de eu gostar mais da prosa dessa grande escritora brasileira.
ResponderEliminarUm abraço e continuação de boa semana.
Andarilhar
Bom dia, Maria
ResponderEliminarLi, há dias num outro blog, notícias de Cecília Meireles e assim tenho presente a sua biografia, uma vida sofrida, o que justifica bem este belo poema, tão triste. Adorei encontrá-la aqui.
Bom fim de semana.
Bj
Olinda
Precioso poema en tono de lamento, María.
ResponderEliminarUn beso :)
Olá amiga Maria, mais um belo poema de Cecíla Meireles...Lindo mas um pouco nostálgico.
ResponderEliminarA poesisa é mesmo assim... é como o vento.. ela muda conforme o momento! Gostei, tanto quanto a bela postagem que tão bem acompanhava. Beijinho carinhoso de Luisa
//poemasdaminhalma.blogspot.pt