04/08/2024

Balança - Poema de José Saramago




Com pesos duvidosos me sujeito
À balança até hoje recusada.
É tempo de saber o que mais vale:
Se julgar, assistir, ou ser julgado.
Ponho no prato raso quanto sou,
Matérias, outras não, que me fizeram,
O sonho fugidiço, o desespero
De prender violento ou descuidar
A sombra que me vai medindo os dias;
Ponho a vida tão pouca, o ruim corpo,
Traições naturais e relutâncias,
Ponho o que há de amor, a sua urgência,
O gosto de passar entre as estrelas,
A certeza de ser que só teria
Se viesses pesar-me, poesia.

José Saramago,
de Os poemas possíveis




7 comentários:

  1. Olá, querida Maria, aqui em casa, José Saramago sempre
    esteve presente nos seus romances, mas não conhecia esse poema.
    A imagem é deslumbrante!
    Achei linda a postagem e agradeço a bela partilha!
    Um bom domingo para a família!
    Beijinho, amiga.

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  2. Me gusto mucho este poema del gran Saramago.

    Saludos.

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  3. Un precioso poema de un gran escritor. Besos.

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

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