Qualquer caminho leva a toda a parte.
Qualquer ponto é o centro do infinito.
E por isso, qualquer que seja a arte
De ir ou ficar, do nosso corpo ou espírito,
Tudo é estático e morto. Só a ilusão
Tem passado e futuro, e nela erramos.
Não há estrada senão na sensação
É só através de nós que caminhamos.
Tenhamos pra nós mesmos a verdade
De aceitar a ilusão como real
Sem dar crédito à sua realidade.
E, eternos viajantes, sem ideal
Salvo nunca parar, dentro de nós,
Consigamos a viagem sempre nada
Outros eternamente, e sempre sós;
Nossa própria viagem é viajante e estrada.
Que importa que a verdade da nossa alma
Seja ainda mentira, e nada seja
A sensação, e essa certeza calma
De nada haver, em nós ou fora, seja
Inutilmente a nossa consciência?
Faça-se a absurda viagem sem razão.
Porque a única verdade é a consciência
E a consciência é ainda uma ilusão.
E se há nisto um segredo e uma verdade
Os deuses ou destinos que a demonstrem
Do outro lado da realidade,
Ou nunca a mostrem, se nada há que mostrem.
O caminho é de âmbito maior
Que a aparência visível do que está fora,
Excede de todos nós o exterior
Não para como as coisas, nem tem hora.
Ciência? Consciência? Pó que a estrada deixa
E é a própria estrada, sem a estrada ser.
É absurda a oração, absurda a queixa.
Resignar(-se) é tão falso como ter.
Coexistir? Com quem, se estamos sós?
Quem sabe? Sabe [...] que são?
Quantos cabemos dentro em nós?
Ir é ser. Não parar é ter razão.
Fernando Pessoa
Qualquer ponto é o centro do infinito.
E por isso, qualquer que seja a arte
De ir ou ficar, do nosso corpo ou espírito,
Tudo é estático e morto. Só a ilusão
Tem passado e futuro, e nela erramos.
Não há estrada senão na sensação
É só através de nós que caminhamos.
Tenhamos pra nós mesmos a verdade
De aceitar a ilusão como real
Sem dar crédito à sua realidade.
E, eternos viajantes, sem ideal
Salvo nunca parar, dentro de nós,
Consigamos a viagem sempre nada
Outros eternamente, e sempre sós;
Nossa própria viagem é viajante e estrada.
Que importa que a verdade da nossa alma
Seja ainda mentira, e nada seja
A sensação, e essa certeza calma
De nada haver, em nós ou fora, seja
Inutilmente a nossa consciência?
Faça-se a absurda viagem sem razão.
Porque a única verdade é a consciência
E a consciência é ainda uma ilusão.
E se há nisto um segredo e uma verdade
Os deuses ou destinos que a demonstrem
Do outro lado da realidade,
Ou nunca a mostrem, se nada há que mostrem.
O caminho é de âmbito maior
Que a aparência visível do que está fora,
Excede de todos nós o exterior
Não para como as coisas, nem tem hora.
Ciência? Consciência? Pó que a estrada deixa
E é a própria estrada, sem a estrada ser.
É absurda a oração, absurda a queixa.
Resignar(-se) é tão falso como ter.
Coexistir? Com quem, se estamos sós?
Quem sabe? Sabe [...] que são?
Quantos cabemos dentro em nós?
Ir é ser. Não parar é ter razão.
Fernando Pessoa
Me gusto el poema. Te mando un beso.
ResponderEliminarAquela face mais sombria do poeta que não me agrada muito.
ResponderEliminarBjs, bfds
Nice poem Maria.
ResponderEliminarPessoa e suas lindas poesias!
ResponderEliminarAdorei mais essa!
Lindo fds! beijos, chica
Una splendida condivisione poetica da leggere e rileggere. Buona giornata
ResponderEliminarThanks for your sharing
ResponderEliminarOi Maria
ResponderEliminarUm poema cheio de verdades e muitas indagações que nem semrpe damos conta.
E o poeta filósofo sabia bem faze-lo.Leio sempre FPessoa e não conhecia o poema., precisei le r e reler e saio refletindo rs
Um abraço e bom fim de semana .
Hello, Maria! Your pictures and poems are magical!
ResponderEliminarOlá, querida amiga Maria!
ResponderEliminarO final é surpreendente.
Gostei muito do ser e do que é razão...
Tenha dias abençoados!
Beijinhos com carinho
Buona giornata.
ResponderEliminaré verdade todos caminhos podem nos levar a algum lado lindo post bravo bjs desejo um feliz fim de semana
ResponderEliminarOlá Maria,
ResponderEliminarWhat else?? Fernando Pessoa e está tudo dito! Magnífico!
Bom fim de semana! Beijinhos!
Olá, querida Maria!
ResponderEliminarQue bom está aqui e ler esse belo poema de Fernando Pessoa e a imagem está belíssima.
Obrigada pela visita e gentil comentário em minha página.
A você e família, desejo um excelente final de semana e um 2024 com muitas alegrias.
Beijinhos, paz e luz.
Great poem, I like it. It would be nice to be on such a pier and enjoy the beautiful scenery.
ResponderEliminarExcelente escolha... 👏😘
ResponderEliminar¡Hola Maria Rodrigues Aprecio tu comentario. Me alegro que te haya gustado mi blog de música. Te invito a que sigas leyendo y aportando tus ideas.
ResponderEliminarY desearte un buen fin de semana.
¡Un abrazo! Blues Hendrix 👍
Que tengas una bonita nueva semana. Besos.
ResponderEliminarGracias por compartir este magnifico poema de Pessoa.
ResponderEliminarSaludos.
Olá ;)
ResponderEliminarEngraçado ver aqui este poema.
Fiz uma viagem no tempo (caminho)
No liceu fizemos em português uma analise ao "Qualquer caminho leva a toda a parte"
Lembro que quase toda a turma teve negativa.
Grande parte dos colegas não ficou fã de Pessoa,
Gostei de o ler...e bom mesmo é que nos leve a toda a parte...já chega de ser sõ a Roma :)
Abraço****
Boa tarde Maria,
ResponderEliminarUm magnífico poema de Fernando Pessoa, todo ele exalando o seu ser poético.
Beijinhos,
Emília
Um belo e profundo poema de Pessoa, que é sempre um prazer imenso, reler e reapreciar!
ResponderEliminarBeijinhos
Ana