21/04/2018

Confissão - Poema de Carlos Drumond de Andrade




É certo que me repito,
é certo que me refuto
e que, decidido, hesito
no entra-e-sai de um minuto.

É certo que irresoluto
entre o velho e o novo rito,
atiro à cesta o absoluto
como inútil papelito.

É tão certo que me aperto
numa tenaz de mosquito
como é trinta vezes certo
que me oculto no meu grito.

Certo, certo, certo, certo
que mais sinto que reflito
as fábulas do deserto
do raciocínio infinito.

É tudo certo e prescrito
em nebuloso estatuto.
O homem, chamar-lhe mito
não passa de anacoluto.

 
Carlos Drummond de Andrade



9 comentários:

  1. Hello dear Maria!
    Such a lovely poem and beautiful lyrics too!
    Like the image! Wishing you a lovely weekend!
    Dimi...

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  2. Mooie kleurrijke blog Maria, De spot van gisteren is bijzonder mooi.
    Groet kees.

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  3. Hola María, es una preciosidad de poema, felicidades al autor y gracias a ti por compartirlo.
    Un besito y buen fin de semana.

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  4. Que linda partilha deste maravilhoso poeta!
    Beijinho
    Joana

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  5. Amei a escolha do belo poema!
    Abraços apertados!

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  6. A gorgeous photo and lovely poem. Gracias!

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  7. Another great poem, Maria.
    Have a nice weekend.
    Lucja

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  8. Bello poema con un buen acompañamiento ilustrativo.

    Saludos.

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  9. Adorei descobrir um pouco mais, da incrível obra deste grande autor...
    Magnifica partilha, Maria!
    Beijinhos
    Ana

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

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