12/10/2014

A àrvore da sombra - Rosa Alice Branco




A árvore da sombra
tem as folhas nuas
como a própria árvore ao meio-dia
quando se finca à terra
e espera
como um cão espera o regresso do dono.
Nós abrigamo-nos mais tarde ou mesmo agora num lugar
muito distante
onde o tempo recorta
um tapete que esvoaça no papel.
A casa da sombra
é branca e habitada.
Somos nós ainda
sentados ao fogo que o teu sorriso
acende e aconchega
no silêncio que ilumina
a árvore da sombra
para que a noite desenhe
o seu nome visível
e a sombra possa contemplar
Os ramos mais belos e o tronco mais esguio
do seu objecto.
Nesta sombra há um imenso amor
ao meio-dia.
A hora dos prodígios
é feita de segundos do tempo que há-de vir
e o horizonte
é a proximidade total da tua boca.


Rosa Alice Branco, in 'O Único Traço do Pincel'




8 comentários:

  1. Olá, boa noite!
    A sombras das árvores dá para escrever bonitos poemas!
    Saudações poéticas!

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  2. Escolheu um lindo poema.
    Boa semana

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  3. Poema lindo de ler...e nele meditar

    Deixo cumprimentos

    Querendo, visite(m)-me

    http://pensamentosedevaneiosdoaguialivre.blogspot.pt/

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  4. Um belo poema e uma linda imagem, a natureza é soberana em inspirar.
    Uma ótima terça feira pra ti, beijos

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  5. Abrigar-se num lugar " onde o tempo recorta um tapete que esvoaça no papel" sabendo que "nesta sombra há um imenso amor" que chega na hora dos prodígios e que " é feita de segundos do tempo que há-de vir" trazendo para perto um horizonte onde o sorriso do ser amado chega num beijo apaixonado...
    Que belo poema, minha amiga, e que linda imagem! Uma bela escolha!
    Deixo sorrisos e estrelas para enfeitar as horas dos teus dias.
    Com carinho,
    Helena

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  6. A árvore da sombra era prodígio quando servia para nos abrigar dos calores de verões escaldantes...
    Actualmente só serve para abrigar da inclemência... dos horrores estivais deste planeta em perpétuas convulsões...
    Beijinho.

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  7. Uma árvore sob cuja fronde me gostaria de deitar.

    Beijinhos

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

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