25/04/2012

Revolução dos cravos com Trova ao Vento que Passa


Hoje comemora-se a Revolução dos Cravos, comemora-se o 25 de Abril de 1974. Que nunca morra nos nossos corações a esperança e liberdade que nesse dia foi conquistada.



Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.

Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio — é tudo o que tem
quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.

Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

Manuel Alegre


Foto: National Geographic

7 comentários:

  1. Querida amiga, o povo de um país nunca deve contentar-se com a subserviência, sempre deve lutar por seus direitos e principalmente pela liberdade. Parabéns ao povo português que foi a luta. Beijocas

    ResponderEliminar
  2. Beijos, amada Maria... Linda imagem e gostei de saber um pouco da história/revolução de Portugal através de "Trova ao Vento que Passa"...

    Ah, também gostei de saborear "o chá, lindas xícaras e mensagem do post anterior..."

    Com grande carinho

    ResponderEliminar
  3. QUERIDA AMIGA MARIA, VERSOS TRISTES MAIS BONITOS, A DOR DE VER A PATRIA SENDO ESPESINHADA. ABRAÇOS, MARIA

    ResponderEliminar
  4. Minha querida

    Nem o maior vendaval nos vai trazer o que se foi perdendo a pouco e pouco.

    Deixo o meu beijinho com carinho
    Sonhadora

    ResponderEliminar
  5. Olá, Maria. Lindos e tristes versos. Conhecendo mais um pouco da história. Más um povo guerreiro que ama sua Pátria, desistir jamais. Que os cravos voltem a florir e esperança de dias melhores. Bjos!

    ResponderEliminar
  6. Querida Maria

    Excelente este poema de Manuel Alegre. E o vento cala a desgraça...

    Beijinhos

    Olinda

    ResponderEliminar

“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

Obrigado pela sua visita e pelo carinho que demonstrou, ao dispensar um pouco do seu tempo, deixando aqui no meu humilde cantinho, um pouco de si através da sua mensagem.

Topo