12/12/2025

Arte poética poema de Vitorino Nemésio





A poesia do abstracto?
Talvez.
Mas um pouco de calor,
A exaltação de cada momento.
É melhor.
Quando sopra o vento
Há um corpo na lufada;
Quando o fogo alteou
A primeira fogueira,
Apagando-se fica alguma coisa queimada.
É melhor!
Uma ideia,
Só como sangue de problema;
No mais, não,
Não me interessa.
Uma ideia
Vale como promessa,
E prometer é arquear
A grande flecha.
O flanco das coisas só sangrando me comove,
E uma pergunta é dolorida
Quando abre brecha.
Abstracto!
O abstracto é sempre redução,
Secura.
Perde,
E diante de mim o mar que se levanta é verde:
Molha e amplia.
Por isso, não:
Nem o abstracto nem o concreto
são propriamente poesia.
Poesia é outra coisa.
Poesia e abstracto, não.

Vitorino Nemésio




8 comentários:

  1. Boa noite de paz, querida amiga Maria!
    Um poema reluzente. Gostei muito, pois muitos fazem poemas abstratos que ninguém entende...
    Você me enriqueceu muito.
    Tenha dias de dezembro abençoados!
    Beijinhos fraternos

    ResponderEliminar
  2. Each poem represents the soul of its author.
    (ꈍᴗꈍ) Poetic and cinematic greetings.
    💋Kisses💋

    ResponderEliminar
  3. Wonderful post! Great to see your lovely creativity!

    ResponderEliminar
  4. Beautiful post to find today! Thank you!

    ResponderEliminar

“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

Obrigado pela sua visita e pelo carinho que demonstrou, ao dispensar um pouco do seu tempo, deixando aqui no meu humilde cantinho, um pouco de si através da sua mensagem.

Topo