16/09/2025

O Homem e o Mar - Poema de Charles Baudelaire





Homem livre, o oceano é um espelho fulgente
Que tu sempre hás de amar. No seu dorso agitado,
Como em puro cristal, contemplas, retratado,
Teu íntimo sentir, teu coração ardente.

Gostas de te banhar na tua própria imagem.
Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos
Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos,
As queixas que ele diz em mística linguagem.

Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos;
Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos,
Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos;
Os segredos guardais, avaros, receosos!

E há séculos mil, séculos inumeráveis,
Que os dois vos combateis numa luta selvagem,
De tal modo gostais da morte e da carnagem,
Eternos lutadores ó irmãos implacáveis!


Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães



6 comentários:

  1. Amo a ese autor. Lindo poema. Te mando un beso.

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  2. Wonderful image and poem!!
    I remembered the classic Hemiway book!!
    Thank you Maria!!

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  3. Heminghway em prosa, Baudelaire em verso.
    Bjs

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  4. Lindíssima poesia do homem e o mar. A tua imagem perfeita também! Ótima semana! beijos praianos, chica

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

Obrigado pela sua visita e pelo carinho que demonstrou, ao dispensar um pouco do seu tempo, deixando aqui no meu humilde cantinho, um pouco de si através da sua mensagem.

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