20/09/2014

Simplicidade - Poema de Guilherme de Almeida



Simplicidade... simplicidade
Ser como as rosas, o céu sem fim,

A árvore, o rio...
Por que não há de ser toda a gente assim?
Ser como as rosas: bocas vermelhas
Que não disseram nunca a ninguém que têm perfume...

Mas as abelhas e os homens
Sabem o que elas têm!

Ser como o espaço, que é azul de longe
de perto é nada... Mas quem o vê:
árvores, aves, olhos de monge...
busca-o sem mesmo saber por que.

Ser como o rio cheio de graça,
Que move o moinho, dá vida ao lar,
Fecunda as terras... E rindo,
Passa despretensioso, sempre a cantar.

Ou ser como a árvore: aos lavradores
Dá lenho e fruto, dá sombra e paz;
Dá ninho às aves; ao inseto, flores

Mas nada sabe do bem que faz.
Felicidade – sonho arredio!
Feliz é o simples que sabe ser,
Como o ar, as rosas, a árvore, o rio:
Simples, mas simples sem o saber!


Guilherme de Almeida



6 comentários:

  1. Um poema maravilhoso!! Adorei.
    Bjs e bom fim de semana.
    Lita

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  2. Que lindo poema! Acredito que o mais belo é o mais simples.

    beijinho e bom fim de semana

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  3. Guilherme de Almeida...
    Nasceu em minha cidade, Campinas/SP, portanto, cidadão campineiro.
    Grande poeta!
    Suas obras são lindas...

    Bjksss

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  4. Rosas, céu, árvore, rio, abelhas, espaço, aves, seres que existem na sua simplicidade e dentro desta simplicidade sabem, sem o saber, encantar um olhar, enternecer um coração, perfumar uma alma... Assim como o fez este grande poeta Guilherme de Almeida com este magistral poema. Dá até para sentir nos seus versos o perfume da rosa, o abrigo da árvore, o frescor do rio e a pureza do ar...
    Amiga, soubeste bem harmonizar a simplicidade do poema com a delicadeza da imagem.
    Que nos sorrisos encontrados no teu domingo possas sentir o brilho das estrelas que irão enfeitar a tua semana.
    Com carinho,
    Helena

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  5. Simplesmente belo como a vida pode ser...
    Beijo.
    Lu


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