encostado ao rosto dos navios.
Sem nenhum destino flutuam nas
cidades,
partem no vento, regressam nos rios.
Na areia branca, onde o tempo
começa,
uma criança passa de costas para o
mar.
Anoitece. Não há dúvida, anoitece.
É preciso partir, é preciso ficar.
Os hospitais cobrem-se de cinza.
Ondas de sombra quebram nas
esquinas.
Amo-te... E abrem-se janelas
mostrando a brancura das cortinas.
As palavras que te envio são
interditas
até, meu amor, pelo halo das searas;
se alguma regressasse, nem já
reconhecia
o teu nome nas minhas curvas claras.
Dói-me esta água, este ar que se
respira,
dói-me esta solidão de pedra escura,
e estas mãos noturnas onde aperto
os meus dias quebrados na cintura.
E a noite cresce apaixonadamente.
Nas suas margens vivas, desenhadas,
cada homem tem apenas para dar
um horizonte de cidades
bombardeadas.
Eugénio de Andrade
Gostei desta leitura de Eugénio de Andrade para terminar o meu serão!
ResponderEliminarBeijinhos
Olá, Maria. Um lindo poema! A poesia sempre nos encanta. Adorei tambem o soneto! Desejo que tudo esteja esteja bem. Quero desejar um bom fim de semana! Beijinhos para vc e para o Pedro. Saudades!!
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