13/09/2011

Renúncia - Poema de Florbela Espanca


A minha mocidade há muito pus
No tranquilo convento da tristeza;
Lá passa dias, noites, sempre presa,
Olhos fechados, magras mãos em cruz...

Lá fora, a Noite, Satanás, seduz!
Desdobra-se em requintes de Beleza...
E como um beijo ardente a Natureza...
A minha cela é como um rio de luz...

Fecha os teus olhos bem! Não vejas nada!
Empalidece mais! E, resignada,
Prende os teus braços a uma cruz maior!

Gela ainda a mortalha que te encerra!
Enche a boca de cinzas e de terra
Ó minha mocidade toda em flor!

Florbela Espanca

7 comentários:

  1. MARIA, lindíssima imagem e um dos emocionantes poemas da sofrida Florbela.

    Paloma

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  2. Maria querida
    Eu e o meu "folha seca" falamos imensas vezes que a mulher nasceu para sofrer.
    Florbela transmite-nos o que é realmente a mulher.
    Adorei o poema um dos mais emocionantes.
    Beijinho muito grande

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  3. Minha querida

    Um poema lindo de Florbela que eu ADORO e uma imagem muito a condizer, como sempre a sensibilidade mora aqui.

    Um beijinho com carinho
    Rosa

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  4. Poema lindíssimo de Florbela Espanca, sempre com sentimentos fortes e cheio de sensibilidade.

    Beijo

    Olinda

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

Obrigado pela sua visita e pelo carinho que demonstrou, ao dispensar um pouco do seu tempo, deixando aqui no meu humilde cantinho, um pouco de si através da sua mensagem.

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