06/04/2010

Lágrimas ocultas - Poema de Florbela Espanca




Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida ...

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago ...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim ...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"




5 comentários:

  1. Que lindo... há momentos em nossas vidas que nos acontece o que Florbela lindamente escreveu...choramos por dentro...em nossa alma, e estas são as lágrimas mais dolorosas...
    Beijos amiga...

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  2. Muito lindo, adoro Florbela.
    Boa semana.
    Abs

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  3. Adoro este poema da florbela e quero agradecer pelo comentario deixado .Beijinhos meus .vou ficar seguindo o teu blog, pois gostei muito .

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  4. Minha querida
    Lindo poema...adoro Florbela.
    deixo um beijinho e o meu carinho.

    Sonhadora

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  5. Amigos, obrigado a todos pela vossa visita e pelas vossas queridas mensagens.
    bjs
    Maria

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

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