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02/07/2016

Chega o Verao - Poema de Cecilia Meireles




Vamos abrir as janelas ao vento salgado do mar.
Chega o verão, vagarosa nau, de um tremulo horizonte,
com seu andar de floresta e seus odores enevoados
de resinas espessas e tormentas no alto da tarde.


Nuvens de cupins jorram da sombra, girando em cegueira.
Asas sem peso chovem o arco-íris, semeiam nácar pelos meus dedos.
Oh, por que serão feitas estas mínimas vidas
com tanta perfeição para instantâneas se desfazerem?


Vamos fechar as janelas sobre a noite, com seu vento de fogo.
Aqui vêm, despojados, os cupins pelas mesas,
arrastando-se por entre as próprias asas caídas.
Aqui vêm, num cortejo de desvalidos, de sentenciados...


Oh, dizei-me, dizei-me, que anjos, que santos, que potencias
se ocupam desse silencio movediço, do apressado
itinerário dos moribundos frágeis que passam! 



Cecília Meireles

2 comentários:

  1. Olá querida Maria!
    Letras bonitas sobre o verão!
    Desejo-lhe um verão quente cheio de alegria!
    Eu te abraçar carinhosamente e obrigado pela visita!

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  2. Pura maravilha... é apenas o que se me ocorre dizer...
    Beijinhos
    Ana

    ResponderEliminar

“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

Obrigado pela sua visita e pelo carinho que demonstrou, ao dispensar um pouco do seu tempo, deixando aqui no meu humilde cantinho, um pouco de si através da sua mensagem.

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