Nem palavras de adeus, nem gestos
de abandono.
Nenhuma explicação. Silêncio.
Morte. Ausência.
O ópio do luar banhando os meus
olhos de sono...
Benevolência. Inconsequência.
Inexistência.
Paz dos que não têm fé, nem
carinho, nem dono...
Todo o perdão divino e a divina
clemência!
Oiro que cai dos céus pelos
frios do outono...
Esmola que faz bem... - nem
gestos, nem violência...
Nem palavras.Nem choro. A
mudez. Pensativas
abstrações. Vão temor de saber.
Lento, lento
volver de olhos, em torno,
augurais e espectrais...
Todas as negações. Todas as
negativas.
Ódio? Amor? Ele? Tu? Sim? Não?
Riso? Lamento?
- Nenhum mais. Ninguém mais.
Nada mais. Nunca mais...
Cecília Meireles
In 'Nunca Mais e Poema dos
Poemas'1923