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26/11/2018

Pergunta-me - Mia Couto




Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue

Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos

Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente

Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer


Mia Couto, in 'Raiz de Orvalho'


14 comentários:

  1. Mia Couto é um must.
    Beijinhos, boa semana

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  2. Hello dear Maria!
    Such a beautiful poem and lovely lyrics!
    I like the image that you choose!
    Have a lovely day and a happy week!
    Dimi...

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  3. Já conhecia, tenho este livro.
    Abraço e boa semana

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  4. Gosto muito do Mia e foi uma boa escolha!!! Bj

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  5. Un nostálgico y bello poema. Un abrazo feliz semana.

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  6. Este poema de Mia Couto é muito belo e inspirador, assim como todos os poemas do livro. Gostei de o encontrar aqui.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  7. Boa tarde Maria,
    Tão belo este poema!
    Não conhecia e adorei.
    Obrigada por partilhar.
    Beijinhos e boa semana.
    Ailime

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  8. La vida esta llena de preguntas a las que buscar respuestas.

    Saludos.

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  9. Pergunta-me agora,
    que ainda cá estou
    se souber a resposta
    de certeza que a dou!

    Belo poema do grande poeta e escritor Mia Couto.

    Tenha uma boa noite amiga Maria,
    Um abraço.

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  10. Linda a poesia que escolheste, gostei muito, obrigada pela partilha.
    Beijinhos, Léah

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  11. Gostei de ler tão bonito poema
    Bjs

    Kique

    Hoje em Caminhos Percorridos - Violência - Criança leva com bala...

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  12. Perguntas... E, nem sempre as respostas serão agradáveis...
    Bela escolha de poema de Mia Couto!
    Abraço.

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

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