Vem ver o dia crescer entre
o chão e o céu,
o aroma dos verdes campos ir
sendo orvalho na alta lua.
Os bois deitados olham a
frente e o longe, atentamente,
aprendendo alma futura nas
harmonias distribuídas
O mesmo sol das terras
antigas lavra nas pedras estrelas claras.
Nem as nuvens se movem.Nem
os rios se queixam.
Estão deitados,
mirando-se,dos seus opostos lugares,
e amando-se em silêncio,
como esposos separados.
Neste descanso imenso, quem
te dirá que viveste em tumulto,
e houve um suspiro em teu
lábio, ou vaga lágrima em teus dedos?
Morreram as ruas desertas e
os ávidos habitantes
ficaram soterrados pelas
paixões que os consumiam.
A brisa que passa vem pura,
isenta, sem lembranças.
Tece carícia e música nos
finos fios do arrozal.
Em tua mão quieta, pousarão
borboletas silenciosas.
Em teu cabelo flutuarão
coroas trêmulas de sombra e sol.
Tão longe, tão mortos,jazem
os desesperos humanos!
E os corações perversos não
merecem o convívio serenos das plantas.
Mas teus pés andarão por
aqui entre flores azuis,
e o perfume te envolverá
como um largo céu.
O crepúsculo que cobre a
memória, o rosto, as árvores,
inclinará teu corpo,
docemente, em sua alfombra.
Acima do lodo dos pântanos,
verás desabrochar o vôo branco das garças.
E, acima do teu sono, o vôo
sem tempo das estrelas.
Os campos ficam mais floridos com os poemas de Cecília Meireles.
ResponderEliminarAdorei a imagem e o poema Maria Rodrigues.
Bjs-Carmen Lúcia.
Sou fã da poética da maior Poeta brasileira
ResponderEliminare este poema dela eu adoro!!!
Grata pela preciosa partilha, querida Maria!
Beijinho.