19/01/2017

Folhas de Rosa - Poema de Florbela Espanca




Todas as prendas que me deste, um dia,
Guardei-as, meu encanto, quase a medo,
E quando a noite espreita o pôr-do-sol,
Eu vou falar com elas em segredo ...

E falo-lhes d'amores e de ilusões,
Choro e rio com elas, mansamente...
Pouco a pouco o perfume do outrora
Flutua em volta delas, docemente ...

Pelo copinho de cristal e prata
Bebo uma saudade estranha e vaga,
Uma saudade imensa e infinita
Que, triste, me deslumbra e me embriaga

O espelho de prata cinzelada,
A doce oferta que eu amava tanto,
Que refletia outrora tantos risos,
E agora reflete apenas pranto,

E o colar de pedras preciosas,
De lágrimas e estrelas constelado,
Resumem em seus brilhos o que tenho
De vago e de feliz no meu passado...

Mas de todas as prendas, a mais rara,
Aquela que mais fala à fantasia,
São as folhas daquela rosa branca
Que a meus pés desfolhaste, aquele dia...


Florbela Espanca



6 comentários:

  1. Florbela Espanca,sempre nos encanta com seus poemas.
    Lindo demais Maria Rodrigues.
    Bjs-Carmen Lúcia.

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  2. Um poema muito bonito... As Rosas sempre trazendo belas inspirações!
    Beijinho

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  3. Poema encantador. Divino

    Beijinhos
    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  4. A nossa Florbela Espanca sempre inspiradora.

    Bom fim de semana, Cara Maria.

    Bj

    Olinda

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  5. Belas e tocantes palavras de Florbela!... Sempre uma maravilha reler!
    Beijinhos!
    Ana

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

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