08/10/2015

A Festa do Silêncio - Poema de António Ramos Rosa





Escuto na palavra a festa do silêncio.
Tudo está no seu sítio. As aparências apagaram-se.
As coisas vacilam tão próximas de si mesmas.
Concentram-se, dilatam-se as ondas silenciosas.
É o vazio ou o cimo? É um pomar de espuma.

Uma criança brinca nas dunas, o tempo acaricia,
o ar prolonga. A brancura é o caminho.
Surpresa e não surpresa: a simples respiração.
Relações, variações, nada mais. Nada se cria.
Vamos e vimos. Algo inunda, incendeia, recomeça.

Nada é inacessível no silêncio ou no poema.
É aqui a abóbada transparente, o vento principia.
No centro do dia há uma fonte de água clara.
Se digo árvore a árvore em mim respira.
Vivo na delícia nua da inocência aberta.


António Ramos Rosa, em "Volante Verde"



6 comentários:

  1. Bom dia Maria Rodrigues
    Que poema tão bonito! Parabéns por nos oferecer esta pérola, a ler. Amei

    Beijo uma óptima quinta feira
    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  2. Silêncio que muito bem me fez ao ler! Não conhecia.

    Obrigado Maria pela partilha.

    Um beijinho

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  3. Desconhecia este belo poema de António Ramos Rosa, obrigada amiga pela partilha.

    Um beijinho

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  4. Querida Maria:
    Lindo poema, ótima escolha.
    beijinhos,
    Léah

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  5. Poema lindíssimo... que desconhecia!
    Grata por esta partilha maravilhosa!
    Bjs
    Ana

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

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