23/04/2010

Rosa sem Espinhos - Almeida Garret




Para todos tens carinhos,
A ninguém mostras rigor!
Que rosa és tu sem espinhos?
Ai, que não te entendo, flor!

Se a borboleta vaidosa
A desdém te vai beijar,
O mais que lhe fazes, rosa,
É sorrir e é corar.

E quando a sonsa da abelha,
Tão modesta em seu zumbir,
Te diz: «Ó rosa vermelha,
Bem me podes acudir:

Deixa do cálix divino
Uma gota só libar...
Deixa, é néctar peregrino,
Mel que eu não sei fabricar ...»

Tu de lástima rendida,
De maldita compaixão,
Tu à súplica atrevida
Sabes tu dizer que não?

Tanta lástima e carinhos,
Tanto dó, nenhum rigor!
És rosa e não tens espinhos!
Ai !, que não te entendo, flor.


Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas'



3 comentários:

  1. Maria...minha flor amiga...que poema sensível...belo...
    Sempre muito bom vir aqui te visitar amiga...adorei suas palavras lá no meu cantinho...
    Beijos...
    Valéria

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  2. Lindos versos, linda imagem, seu blog é um show!
    Grande abraço!
    Bom fim de semana!

    ResponderEliminar
  3. Olá Maria!
    Agradeço sua visita e seu comentário!
    Gostei muito do seu blog.
    Belo poema!
    Um abraço e bom fim de semana!

    ResponderEliminar

“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

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